O universitário Victor Hugo Araújo Ruda, de 21 anos, é um dos jovens moradores de áreas urbanas que utiliza os serviços eletrônicos do governo.
“Já acessei a Carteira Nacional de Trânsito Digital e o Título de Eleitor digital. O serviço foi muito fácil, não tive nenhuma dificuldade em procurar, muito rápido, procurei pelo aplicativo do título, estava lá, colocar os dados. E a mesma coisa com a CNH. Acho que hoje se você consegue fazer um serviço pela internet fica muito mais fácil, principalmente pelo celular.”
Victor Hugo não está sozinho. São os jovens da cidade, com emprego formal, escolaridade acima do ensino fundamental e de classe social superior a C, os mais propensos a utilizar serviços eletrônicos do governo. Por meio do acesso remoto, é possível ter acesso ao seguro-desemprego, imposto de renda, solicitação de benefícios, documentos, entre outros.
De acordo com estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior habilidade desse jovens em lidar com a tecnologia tem ajudado a ampliar a presença deles nos serviços oferecidos de forma eletrônica pelo governo.
“Os resultados da análise indicam que os usuários mais jovens são mais propensos ao uso de serviços de governo eletrônico, e isso pode estar relacionado com o fato de os jovens apresentarem maior habilidade para lidar com recursos tecnológicos. É importante entendermos as diferenças na habilidade de uso da tecnologia entre as gerações. As gerações mais jovens cresceram usando smartphones e tablets, enquanto os mais idosos passaram a ter contato com esses dispositivos na fase adulta, muitos já na terceira idade”, observou doutorando da UFRJ Luiz Vargas, coautor do estudo.
A pesquisa analisou dados do TIC Domicílios 2019, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), que traz dados de 20.536 pessoas, coletados de outubro de 2019 a março de 2020 em todo o Brasil.
O objetivo do estudo foi avaliar os fatores que influenciam na decisão do cidadão de usar serviços de governo eletrônico no Brasil e servir de insumo para discussões entre gestores públicos sobre projetos de transformação digital no setor público.
Para o pesquisador, é importante destacar que o estudo traz uma visão do contexto brasileiro, onde as diferenças socioeconômicas são relevantes.
“Isso significa que, ao avaliarmos a implementação de serviços de governo eletrônico, devemos ter um olhar específico para a realidade do nosso país, onde as diferenças socioeconômicas são relevantes. Cabe ressaltar ainda que o estudo foi realizado com base em dados coletados antes da pandemia da covid 19, durante a qual houve uma intensificação do uso de serviços eletrônicos, como o caso do auxílio emergencial.”
Na opinião do pesquisador, o governo deveria desenvolver programas para ampliar o acesso aos serviços eletrônicos pela população, em especial, pelos mais idosos.
“Desenvolver programas de capacitação em tecnologia para adultos e idosos, e prover canais de atendimento híbrido, ou seja, atendimento eletrônico e presencial com utilização de equipamentos como forma de capacitar o cidadão para o uso dos serviços, são ações que ajudariam a ampliar a adesão por parte dos idosos”.
Outra ação possível, é estimular a evolução da infraestrutura de telecomunicações. "Em geral, cidadãos de classe social mais alta, por exemplo, têm acesso a melhores condições de acesso à internet, ao contrário dos indivíduos de classes sociais mais baixas.”
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