A estudante de medicina Maria de Araújo Silva, aluna da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), tirou a própria vida após enfrentar uma sequência de eventos traumáticos que culminaram em sua suspensão injusta da instituição. O caso, amplamente debatido nas redes sociais e entre colegas de curso, expõe a falta de suporte psicológico e institucional que estudantes de medicina enfrentam no Amazonas, especialmente em situações de vulnerabilidade. O falecimento de Maria, que era natural de Parintins, foi confirmado em uma nota de pesar publicada nesta quinta-feira (28/11) pelo Centro Acadêmico de Medicina João Bosco Botelho. Na nota, a entidade lamentou a perda precoce da estudante e ofereceu solidariedade aos familiares e amigos.
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Agressão, suspensão e consequências devastadoras O drama de Maria começou no dia 29 de abril de 2024, quando uma discussão acalorada em sala de aula escalou para agressões verbais e ameaças. O episódio, que envolveu acusações de mensagens enviadas à esposa de um colega de turma, Samuel, levou a uma sindicância interna por parte da UEA. No entanto, mesmo sendo agredida, ao invés de receber suporte ou proteção, Maria foi suspensa pela UEA. A suspensão teve consequências graves. Maria enfrentou dificuldades acadêmicas, como notas baixas e desperiodização, o que intensificou sua ansiedade e depressão. “A faculdade não deu a ela o apoio necessário. Pelo contrário, tornou tudo ainda mais difícil”, desabafou uma colega próxima. Repercussão entre amigos e familiares O caso gerou comoção e revolta entre amigos e colegas de Maria. Nas redes sociais, diversas pessoas denunciaram a falta de empatia e medidas de suporte da Universidade. “Ela foi agredida em sala de aula, e a UEA suspendeu ela! Não deram chance de defesa. Eu via a luta diária dela”, escreveu uma amiga. Outro desabafo destacava o peso do curso de medicina e a ausência de apoio emocional para os estudantes: “A faculdade de medicina é desgastante. É necessário, mais do que nunca, apoio psicológico. Ficar só no ‘setembro amarelo’ não resolve.”
O histórico da tragédia Na época do incidente, a UEA divulgou uma nota informando a abertura de uma sindicância para apuração dos fatos. No entanto, o processo resultou na penalização de Maria, sem que fossem oferecidos mecanismos de proteção ou acompanhamento psicológico. Esse desfecho expõe uma falha grave no cuidado com os estudantes, especialmente em situações que envolvem violência ou vulnerabilidade emocional. “Era minha amiga, e já choramos juntas pelo fardo pesadíssimo que estava sendo a faculdade. Pelas crises de ansiedade que nos causavam. MAIS UMA!”, lamentou outra colega.
Reflexões sobre o apoio psicológico nas universidades O caso de Maria não é isolado. Ele reflete uma realidade enfrentada por muitos estudantes de medicina, um dos cursos mais exaustivos e emocionalmente desgastantes. Especialistas e alunos têm destacado a necessidade de políticas efetivas de saúde mental nas instituições de ensino superior. “O famoso ‘quem cuida de quem cuida?’ precisa ser levado a sério. Setembro amarelo não pode ser apenas campanha. As universidades precisam agir de forma prática, oferecendo suporte psicológico contínuo e eficiente”, declarou um estudante de medicina em uma publicação nas redes sociais.
UEA emite nota “Seca” A nota oficial emitida pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) sobre o falecimento de Maria de Araújo Silva, acadêmica de medicina, causou revolta e indignação entre colegas, amigos e familiares da jovem. Considerada “seca” e insensível, a declaração da universidade limitou-se a expressar pesar pelo ocorrido, sem abordar as graves críticas sobre a falta de suporte psicológico e institucional enfrentada pela estudante. A ausência de um posicionamento claro sobre as denúncias de negligência e a falta de empatia no texto oficial reforça a sensação de descaso por parte da instituição.