
Famílias de diferentes classes sociais estão sujeitas a uma prática já conhecida há anos, que afetam inúmeros(as) idosos(as) no país: a alienação parental inversa. Apesar da nomenclatura não ser tão comum ou conhecida, a realidade atinge milhares de famílias, causando o abuso financeiro e a violência psicológica/emocional dos filhos contra a pessoa idosa, no caso, os pais.
A prática da alienação parental inversa pode acarretar inúmeras tipificações penais para o alienador e gera consequências nefastas para toda a família. A advogada Vanessa Oliveira explica que a prática de alienação parental contra a pessoa idosa é bastante comum em famílias quando há um interesse patrimonial e financeiro por parte de um ou mais filhos.

A exemplo disso, numa cidade localizada no Piauí – Picos, onde, de acordo com o processo movido por parente, um filho dilapidou o patrimônio familiar, por meio de práticas de alienação dos seus pais para usufruir dos bens materiais e ostentar um padrão de vida incompatível com o que sua renda poderia proporcionar. As informações constam no processo de indenização por danos morais que tramita na 39ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza.
Entenda o caso
Conforme o referido processo, Esdras Lima Reis, filho de empresário de setor automobilístico, impôs como condição para trabalhar com o pai junto à empresa familiar: ganhar uma concessionária de motos. O objetivo aparente, de acordo com o processo, era de mostrar a sua capacidade gestora. Mas o objetivo real acabou vindo à tona: ter visibilidade social e ingressar no mundo do motociclismo de competição (motovelocidade).
De acordo com a denúncia de familiar, Esdras se aproveitou da visibibilidade da Concessionária VolksWagen do pai e criou um patrimônio paralelo, abrindo várias empresas que usufruíam da estrutura da PIVEL, numa clara situação de confusão patrimonial. Além disso, gastos com suas viagens internacionais, para manter um alto padrão de vida e custos com campeonatos de motovelocidade em âmbito nacional, eram todos pagos pela PIVEL sem sequer prestação de contas.
No processo consta ainda que o filho em questão abusou da confiança dos pais idosos, o que se caracteriza como violência patrimonial, ao longo de quase 15 anos, agindo com total incompetência e descontrole perante a administração da empresa, o que culminou na sua venda.
O parente que move o processo destaca que mesmo diante da crise financeira familiar, em fevereiro de 2.022, mês em que se concretizou a venda da empresa, Esdras viajou a turismo para a França, esquiando, curtindo o mais alto padrão europeu, enquanto o patriarca encontrava-se preocupado com compromissos e dívidas que precisava honrar. Infelizmente, este foi o fim de um ciclo de 50 anos de muito trabalho dedicados a sua Empresa.
